A transformação da mulher e o (re)nascimento como mãe é uma realidade para muitas de nós. O milagre é ver um pequenino corpo em desenvolvimento, se nutrindo do seu, psicológica e fisicamente – porque tudo que você vive e sente, repassa ao seu bebê. Sempre procuro estar calma para ser mãe. É um exercício diário de paciência que traz a evolução. 
Na natureza, a maior parte dos animais quem cuida é a fêmea. Por quê? 
Seria a predominância de cuidar inerente ao feminino? Fisiologicamente, trata-se de uma questão hormonal e animal. Um pouco diferente dos animais, construímos o amor durante a gestação.
Há uma configuração social forte de que este papel se encaixa melhor à mulher, embora muitas neguem que os filhos são em primeiro lugar responsabilidade delas. São de ambos. De fato, me parece que o casal que vive junto o “criar os filhos” é mais feliz como amantes também. Para o homem que se predispõe à profundidade do zelar, os valores mudam todos os dias e se peneira, na desordem, o que realmente pesa na vida! 
Percebo que nem para todos, a mater(pater)nidade soe como uma renovação. Mas se for pensar, só pelo fato de você discutir este renascimento, ele já ocorre em alguma medida!
Procuro a leveza, porque é uma vivência difícil, que exige entrega. Tenho em mente ser um dom extra: tornar-se mãe ou pai. É uma oportunidade de celebrar novos ciclos. Na gestação, há sempre uma nova pessoa a surgir, além do bebê. Não sem custos. 
Ver aquele “serzinho” totalmente dependente, realizando milhares de novas conexões mentais a cada segundo, aprendendo tudo que vê, ouve, sente, cheira, toca... e nós, pais e mães, podemos sentir o peso da responsabilidade em interpretar grunhidos, choros e uns poucos gestos de um ser que não interage muito e é dependente 100%. É com esse esforço que nasce o amor. Fique ciente e tranquila, pois às vezes o primeiro filho é o caos, discrepante daquela “felicidade cruel” das redes sociais. Pode ser caos, principalmente, para aquelas com determinados bloqueios emocionais, conscientes ou não, como o fato de pensar que o parto é difícil e pode até trazer risco de vida. 
Ao superar, tudo começa outra vez, com outro número: o apenas um, torna-se dois (você nunca mais saberá o que é solidão); ou se eram dois, somam-se três, ou quatro! 
Por que queremos filhos? Natural ou de adoção? Acredito que o gerar uma nova vida se dá antes de tudo, em pensamentos, pois os pais que adotam são da mesma forma acometidos por ocitocina (o hormônio do amor) e pela necessidade de proteger os pequenos. A própria vontade de adoção talvez seja desejo de ensinar, proteger e ter companhia. 
Por fim, diria que a maternidade e a paternidade acontecem, antes de tudo, no psicológico. Por isso os pais que adotam também geram. Não à toa adotar demora; e o tempo natural de uma gestação são nove meses: dá tempo para planejar, assim como tudo na vida. Ter um filho é um dos momentos que exigem introspecção e posicionamento, nem que seja a reclusão. O silêncio e o distanciamento também são atitudes. A descoberta de uma gravidez pode gerar destroços. Mas das cinzas, acredite, surge a felicidade. E tudo (re)começa outra vez!

Daiana Pasquim
Jornalista e professora , mestra em Letras
Mãe do Lucas, 10 e da Aurora, 8m

Agradecimento pela colaboração, às mamães: Angela Zolet Palma, Carla Bortolini, Denize Penteado, Ingrid Simon Strada; e para o papai Lucas Piaceski
Envie um recadinho para 2xmae.okay@gmail.com



“A maternidade me fez renascer! Um renascimento de dentro pra fora! Um encontro profundo comigo mesma! Um encontro com a verdadeira doação, com a entrega! Mesmo nos momentos difíceis (e são muitos) lá vem a entrega lembrando que a maternidade não é para as fracas!
Todos os dias, mesmo na exaustão, faço a conexão para ouvir meu coração! E com base nele nasceu o meu instinto materno! Ahhhh, esse é o guia do renascimento! Se aprendi o significado da palavra doação, aprendi a me conectar comigo mesma e a ouvir meu coração. É nele que encontro meu instinto materno e consigo resolver muita coisa! A resposta sempre tá lá! Eu só tenho que acessar! Esse instinto é “safado” porque ele, no fundo, sempre tem razão! E não tem escolha melhor do que aquela feita com o coração, né?!
O renascimento me fez estar presente! Me ensinou que o “agora” é o mais importante! Esse é um presente mesmo! É no presente que está a maternidade, a profissional, a mulher, a esposa, a mãe! É um convite a focar na gente mesmo, para cuidar dos pequenos!
E nesse “presente” aprendi a me despir... despir de pré-conceitos, de julgamentos (principalmente os meus, sobre mim), das comparações, me despi, me entreguei, cuidei e aprendi, ou melhor, estou aprendendo!”

Ingrid Simon Strada, mãe do Frederico, de 2ª9m e da Victoria, de 7 meses
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